Este artigo é parte integrante da série A Visão e a Voz - Liber 418

Liber 418: A Visão e a Voz, é considerado por Aleister Crowley como o segundo livro em importância, perdendo apenas para Liber AL vel Legis Para obtê-lo, Aleister Crowley e seu discípulo, o poeta inglês Victor Benjamin Neuburg, viajaram as terras áridas da Argélia e ali realizaram invocações específicas valendo-se do sistema enoquiano de John Dee e Edward Kelley.


BAG é o 28º Æthyr invocado no Liber 418. Refere-se à visão da aurora do Æon de Hórus (Atu XVII).

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A invocação do 28º Æthyr chamado BAG

Lá vem um Anjo na pedra em trajes opalescentes como uma roda de fogo em suas mãos está um longo mangual de um resplandecente vermelho escarlate; seu rosto é negro e seus olhos brancos não possuem pupila ou íris (38). Sua face é terrível ao olhar. Agora, a sua frente, surge uma roda (39) de muitos raios como um cercado perante sua figura.

E ele fala: Ó homem quem és tu que penetras no Mistério? pois ele está oculto até o Final dos Tempos.

Eu replico: Tempo é não, salvo nas trevas de Seu útero daquele mal que se aproxima.

E agora a roda se quebra e eu vejo-o como ele realmente é. Sua vestimenta é negra por baixo dos veios de opala, porém está trançada com brancos fios, possui um radiante abdômen de peixe, enorme asas com penas brancas e pretas, inúmeras perninhas com garras tal qual uma centopéia e uma longa cauda como a de um escorpião. Os peitos são humanos, porém riscados com sangue; e ele diz: Ó tu que arruinaste o véu, não sabes que aquele que se aproxima, onde eu sou, deve ganhar cicatrizes de pesar?

Eu replico: Pesar é não, salvo nas trevas de Seu útero, daquele mal que se aproxima.

Eu penetro no Mistério desse peito e lá se encontra uma jóia. É uma safira, tão grande quanto um ovo de avestruz e nela está gravado o seguinte sigilo:

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Porém existem muitas inscrições na pedra e, a cada minuto, caracteres são gravados. Eu não posso lê-los. Ele aponta para a safira com seu mangual agora solto e maior do que ele mesmo; e diz: Salve! guardião dos Portais da Eternidade que não distingue a mão direita da esquerda; pois no æon de meu Pai há um deus, cujas mãos de gancho seguram o universo, esmagando-o na poeira que você chama de estrelas.

Saúdo a ti que não distingue teu olho direito do esquerdo; pois no æon de meu Pai não há nada além de uma luz.

Saúdo a ti que não distingue tua narina direita da esquerda; pois no æon de meu Pai não há vida ou morte.

Saúdo a ti que não distingue tua orelha direita da esquerda; pois no æon de meu Pai não existe som ou silêncio.

Aquele que possui poder para abrir essa pedra de safira encontrará dentro, quatro elefantes com presas de madrepérola em cujas costas estão castelos, aqueles que você chama de torres de vigia do Universo.

Deixe-me ficar em paz dentro do peito do Anjo que é o guardião do æthyr. Não deixe a vergonha de minha mãe ser desvelada. Não a deixai ser colocada à vergonha que reside entre os lírios que estão além das estrelas.

Ó homem, deve esse sempre estar aberto quando tu aprender o selar os mistérios da criação? para tu dobrar-te sobre si mesmo como uma rosa no abraço da noite? Porém, tu deves jogar o dissoluto ao sol e o vento deve arrancar tuas pétalas de ti, a abelha deve roubar de ti o teu mel e tu deves cair na sombra das cousas. Amém e Amém.

Na verdade, a luz está oculta, portanto ele que se esconde é como a luz; mas tu se abriste; tua arte é como as trevas ligadas ao ventre da grande deusa.

OLAHO VIRUDEN MAHORELA ZODIREDA! ON PIREDA EXENTASER; ARBA PIRE GAH GAHA GAHAL GAHALANA VO ABRA NA GAHA VELUCORSAPAX.

E a voz do æon disse: Voltai, voltai,voltai! o tempo se esvai e o espaço pasma-se e a voz dele que é, foi e serão coroadas as sacudidas na garganta do poderoso e milenar dragão . Tu não podes passar por mim a menos que tenhas o mistério da palavra do abismo.

Agora ele faz como se fosse lutar contra mim. (ele é por demais pavoroso todos os tentáculos movendo-se e o mangual resplandecendo e a selvagem face sem olhos tensa e inchada.) E com a espada Mágica eu perfuro seu peito através da armadura. Ele, abatido, diz: Cada uma dessas cicatrizes que possuo foram feitas dessa maneira, pois sou o guardião do Æthyr Ele poderia ter dito mais; porém eu o cortei superficialmente dizendo: explique a palavra do abismo. E ele replicou (54): Disciplina é dolorosa, o arado árduo e a época, saturada.

Tu serás incomodado pela dispersão.

Mas agora, se o sol erguer-se, dobre teus delgados braços; então Deus golperar-te-á em um pilar de sal.

Não olhe tão fundo nas palavras e letras; pois esse Mistério tem sido oculto pelos Alquimistas. Combinai o sétuplo em um quádruplo regimento; então, quando tu compreenderes construirá símbolos. Porém, através de jogos infantis de símbolos, tu nunca entenderás. Tu tens os sinais; tu tens as palavras; entretanto, existem várias cousas que não estão em meu poder, pois sou apenas o guardião do 28º Æthyr.

Agora, o meu nome, tu obterás nesse sábio. Dos três anjos do Æthyr, tu escreverás os nomes da direita para a esquerda e da direita para a esquerda e da direita para a esquerda e essas são as santas letras:

A primeira 1, a quinta 2, a sexta 3, a décima primeira 4, a sétima 5, a vigésima 6, a décima sétima 7.

Tu tens meu nome e eu estou acima desses três, porém os anjos do 30º Æthyr são, na verdade, quatro e não há ninguém acima deles; razão da dispersão e desordem.

Agora, de todas as direções vem uma voz, terrivelmente alta, dizendo: Feche o véu; a grande blasfêmia foi proferida; a face de minha Mãe está sendo marcada pelos pregos do diabo. Feche o livro, destrua o rompedor do selo!

Então eu repliquei: Ele não foi destruído ele não se aproximou, pois eu não estou a salvo nas trevas no seio Dela por quem veio o mal ao mundo.

Essas trevas a tudo engolem e o anjo foi-se da pedra; não existe luz dentro dela, apenas a da Rosa e da Cruz.

Aumale (Sour El Ghozlane), Argélia.
23 de Novembro de 1909, entre 20:00 e 21:00.

Referências