Livro do Gênesis em uma Bíblia de 1723

A palavra Bíblia significa "livros", e vem do grego (língua em que foi escrito o Novo Testamento) "tà bíblia" - ou seja, os livros. O plural justifica-se pelo fato de a Bíblia não ser um livro somente, mas uma biblioteca composta de 66 livros, sendo que 39 pertencem ao Antigo Testamento e 27 ao Novo Testamento.

A Bíblia aprovada pela Igreja Católica contém 73 livros, isto é, 7 livros a mais que as Bíblias não católicas. Esses são os ditos livros Deuterocanónicos, considerados apócrifos por evangélicos e judeus em geral. Os livros deuterocanónicos são os seguintes: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácida) e Baruc. Possui, ainda, adições nos livros de Ester e Daniel.

Os cristãos acreditam que estes homens escreveram a Bíblia inspirados por Deus e por isso consideram que a Bíblia é a Escritura Sagrada. No entanto, nem todos os cristãos acreditam que a Bíblia deve ser interpretada de forma literal, e muitos consideram que muitos dos textos da Bíblia são textos metafóricos ou que são textos datados que faziam sentido no tempo em que foram escritos, mas foram perdendo actualidade.

Alguns cristãos acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus, portanto ela é mais do que apenas um livro, é a vontade de Deus escrita para a humanidade. Para esses cristãos nela, e apenas nela, se encontram as respostas para os problemas da humanidade.

Os não crentes vêem a Bíblia como um livro comum, com importância histórica e que reflecte a cultura do povo que os escreveu. Os não crentes recusam qualquer origem divina para a Bíblia e consideram que a Bíblia deve ter pouca ou nenhuma importância na vida moderna, ainda que na generalidade se reconheça a sua importância na formação da civilização ocidental (apesar de a Bíblia ter origem no oriente).

Independente quanto à visão que este ou aquele grupo têm da Bíblia, o que mais chama a atenção neste livro é a sua influência em toda história ocidental e mundial, por ela nações nasceram (Estados Unidos da América etc.), foram destruidos (Incas, Maias, etc), o calendário foi alterado (Calendário Gregoriano), entre outros fatos que ainda nos dias de hoje alteram e formatam nosso tempo. Sendo também o livro mais lido, mais pesquisado e mais publicado em toda história da humanidade, boa parte das línguas e dialetos existentes já foram alcançados por suas traduções. Por sua inegável influência no mundo ocidental, cada grupo religioso oferece a sua interpretação, muitas vezes de forma a perverter seus sentidos, sem a utilização da Hermenêutica.

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As línguas bíblicas

Foram utilizadas três línguas diferentes na escrita dos diversos livros da Bíblia: o hebraico, o grego e o aramaico. Em hebraico foi escrito todo o Antigo Testamento, com excepção dos livros chamados deuterocanónicos, e de alguns capítulos do livro de Daniel, que foram redigidos em aramaico. Em grego, além dos já referidos livros deuterocanónicos do Antigo Testamento, foi escrito todo o Novo Testamento. O hebraico utilizado na Bíblia não é todo igual. Encontramos nalguns livros o hebraico clássico (Ex. livros de Samuel e Reis), noutros um hebraico mais rudimentar e noutros ainda, nomeadamente os últimos a serem escritos, um hebraico elaborado, com termos novos e influência de outras línguas circunvizinhas. O grego do Novo Testamento, apesar das diferenças de estilo entre os livros, corresponde ao chamado grego Koiné, istó é, o grego comum falado então mais ou menos em todo o oriente do Império Romano.

As versões da Bíblia

Apesar da antiguidade dos livros bíblicos, os manuscritos mais antigos que possuímos datam a maior parte dos sécs. III-IV. Tais manuscritos são o resultado do trabalho de copistas que, durante séculos, foram fazendo cópias dos textos, de modo a serem transmitidos às gerações seguintes. Transmitido por um trabalho desta natureza o texto bíblico, como é óbvio, está sujeito a erros e modificações, involuntários ou voluntários, dos copistas, o que se traduz na coexistência, para um mesmo trecho bíblico, de várias versões que, embora não afectem grandemente o conteúdo, suscitam diversas leituras e interpretações dum mesmo texto. O trabalho desenvolvido por especialistas que se dedicam a comparar as diversas versões e a seleccioná-las, publicando os resultados, denomina-se Crítica Textual.

A grande fonte hebraica para o Antigo Testamento é o chamado Texto Massorético. Trata-se do texto hebraico fixado ao longo dos séculos por escolas de copistas, chamados Massoretas, que tinham como particularidade um escrúpulo rigoroso na fidelidade da cópia ao original. O trabalho dos massoretas, de cópia e também de vocalização do texto hebraico (que não tem vogais, e que, por esse motivo, ao tornar-se língua morta, necessitou de as indicar por meio de sinais), prolongou-se até ao séc. VIII d.C. Pela grande seriedade deste trabalho, e por ter sido feito ao longo de séculos, o Texto Massorético (abreviatura: TM) é considerado a fonte mais autorizada para o texto hebraico bíblico original.

No entanto, outras versões do Antigo Testamento têm importância, e permitem suprir as deficiências do texto Massorético. É o caso do Pentateuco Samaritano (os samaritanos eram uma comunidade étnica e religiosa separada dos judeus, que tinham culto e templo próprios, e que só aceitavam como livros sagrados os do Pentateuco), e principalmente a chamada versão dos Setenta.

A Bíblia dos Setenta, ou Septuaginta (abreviatura: LXX), designa a tradução grega do Antigo Testamento, elaborada entre os séculos IV e II a.C., provavelmente no Egipto. O seu nome deve-se à lenda que referia ter sido essa tradução um resultado milagroso do trabalho de 70 sábios, e que pretende exprimir que não só o texto, mas também a tradução, fora inspirada por Deus. A versão dos LXX é a mais antiga versão do Antigo Testamento que conhecemos. A sua grande importância provém também do facto de ter sido essa a versão da Bíblia utilizada entre os cristãos, desde o início, e a que é citada na grande parte do Novo Testamento.

Da versão dos LXX fazem parte, além dos livros da Bíblia Hebraica, os deuterocanónicos (aceites pela Igreja Católica, mas não por judeus nem protestantes), e alguns apócrifos (não aceites como sagrados por nenhuma das religiões ou Igrejas).

O Novo Testamento, escrito em grego, encontra-se em muitos manuscritos, que apresentam muitas variantes. Diferentemente do Antigo Testamento, não há para o Novo Testamento uma versão a que se possa chamar, por assim dizer, normativa. Há contudo alguns manuscritos mais importantes, pelas sua antiguidade ou credibilidade, e que são o alicerce da Crítica Textual.

Uma outra versão com importância é a chamada Vulgata, ou seja, a tradução latina de São Jerónimo, elaborada no séc. IV-V, e que foi utilizada durante muitos séculos pelas Igrejas Cristãs do ocidente.

Livros da Bíblia

A Bíblia é um conjunto de escritos muito antigo. Foi composta ao longo de um período de cerca de 1500 anos por uns 40 homens das mais diversas profissões, origens culturais e classes sociais, segundo a tradição. No entanto, exegetas cristãos divergem cada vez mais sobre a autoria e a datação das obras. Ela teria começado a ser escrita por volta de 1500 a.C. e recebido o último retoque nos textos em 100 d.C., tendo o cânone sendo fixado em definitivo bem posteriormente (existem teorias controversas) e a divisão em capítulos e versículo que conhecemos hoje deve ter surgido em 1550 ou 1600 d.C.

É quase um consenso de que a maioria delas foi escrita ou por pessoas que elegeram patronos, ou coletivamente e ao longo dos séculos.

Antigo Testamento

Pentateuco

Gênesis - Êxodo - Levítico - Números - Deuteronómio

Livros Históricos

Josué - Juízes - Rute - I Samuel - II Samuel - I Reis - II Reis - I Crônicas - II Crônicas - Esdras - Neemias - Tobias - Judite - Ester - Macabeus

Livros Poéticos e Sapienciais

Jó (ou Job) - Salmos - Provérbios - Eclesiastes (Coélet) - Cânticos dos Cânticos - Sabedoria - Eclesiástico (Sirácida)

Livros Proféticos

Isaías - Jeremias - Lamentações - Baruc - Ezequiel - Daniel - Oséias - Joel - Amós - Obadias (ou Abdias) - Jonas - Miquéias - Naum - Habacuque (ou Habacuc) - Sofonias - Ageu - Zacarias - Malaquias

Novo Testamento

Evangelhos Sinópticos, Cartas Paulinas

Mateus - Marcos - Lucas - João - Atos dos Apóstolos - Romanos - I Coríntios - II Coríntio] - Gálatas - Efésios - Filipenses - Colossenses - I Tessalonicenses - II Tessalonicenses - I Timóteo - II Timóteo - Tito - Filémon - Hebreus - Tiago - I Pedro - II Pedro - I João - II João - III João - Judas - Apocalipse

Deuterocanônicos

Livros apócrifos (ou pseudoepígrafos)

Tobias - Judite - I Macabeus - II Macabeus - Sabedoria - Eclesiástico - Baruc - Adições em Ester - Adições em Daniel

Inspiração divina

Na segunda epístola do apóstolo Paulo a Timóteo, (Capítulo 3 e versículo 16) encontra-se a afirmação de que a Bíblia teria sido inspirada por Deus.

Diferente dos livros de mitologia, os assuntos narrados na Bíblia são geralmente ligados a datas e a personagens históricos (de facto, verifica-se que muitas personagens bíblicas até há pouco tempo consideradas fictícias, como reis, existiram realmente). Há, no entanto, personagens cuja real existência e/ou atos praticados dependem exclusivamente da fé proferida por cada um, como Adão, Eva e seus descendentes diretos.

A bíblia é um texto, acima de tudo doutrinário. Apesar de se assumir como um texto que revela directamente o conhecimento de Deus para os homens, o que é totalmente contrário à visão científica e experimental, algumas pessoas pretendem demonstrar a validade das escrituras por uma pretensa exactidão científica. No entanto, se, por um lado Jó (Job), um famoso personagem bíblico, afirmou que a Terra flutua no espaço sobre o vazio (Jó 26:7), contrariando as crença da época (como a de que a Terra seria suportada por animais fabulosos, como elefantes), também é verdade que os textos bíblicos serviram para "refutar" os dados da experiência e as teorias científicas de cientistas como Galileu Galilei e Charles Darwin. Por exemplo, a Bíblia possuí referências atribuídas à teoria geocêntrica no relato de uma batalha de Josué (onde Deus faz "parar o Sol").

A interpretação da bíblia varia de religião para religião, de grupo para grupo, e de leitor para leitor. Por isso, enquanto que para alguns movimentos religiosos e pessoas em particular, o relato do Génesis sobre a criação é aceitável ou mesmo verdadeiro - havendo mesmo uma crítica acérrima aos dados empíricos que fundamentam a teoria da evolução -, para outros, o relato é apenas um poema que acentua o papel de Deus como criador, que não deve ser lido de forma literal mas, apenas, metafórica e adaptada ao contexto histórico em que foi escrito. A Igreja católica, por exemplo, aceita hoje a teoria da evolução, propondo uma interpretação metafórica do texto bíblico. Da mesma forma, há quem defenda que o relato da "paragem" do sol, já referida, no livro dos Juízes deve-se a um hebraísmo - uma figura de estilo do hebraico que não é traduzível para outras línguas, ou que o ataque da Igreja católica à teoria heliocêntrica de Copérnico e Galileu se deve apenas ao erro de interpretação da hierarquia católica e não ao próprio texto bíblico. Há que notar que a interpretação de um texto é um fenómeno muito complexo. No caso da bíblia, a complexidade é agravada por ser um texto comum a diversas religiões que a interpretam à luz dos princípios que cada uma considera invioláveis (sejam apresentados explicitamente como dogmas ou não).

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