ZIP

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Este artigo é parte integrante da série A Visão e a Voz - Liber 418

Liber 418: A Visão e a Voz, é considerado por Aleister Crowley como o segundo livro em importância, perdendo apenas para Liber AL vel Legis Para obtê-lo, Aleister Crowley e seu discípulo, o poeta inglês Victor Benjamin Neuburg, viajaram as terras áridas da Argélia e ali realizaram invocações específicas valendo-se do sistema enoquiano de John Dee e Edward Kelley.


ZIP é o 9º Æthyr invocado no Liber 418. Refere-se a Malkuth. (A Virgem Pura.) A recompensa do Magister Templi.

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A invocação do 9º Æthyr chamado ZIP

(A terrível Maldição, o Chamado do Trinta Æthyrs, soa como uma canção de êxtase e triunfo; cada frase possui um secreto significado de benção.)


A Pedra-de-vidência é de um branco etéreo onde a Rosa-Cruz irradia uma luz incolor.


E agora o véu da pedra é rasgado por um trovejante ribombar e eu estou caminhando sobre um facho de luz pairado sobre o Abismo e atrás e abaixo de mim estão alinhados os mais terríveis exércitos do Altíssimo, como aqueles do 11º Æthyr, porém existe um que avança em minha direção abrindo seus braços e dizendo:


(v. I.) Quem é este que paira ante o Abismo provindo do local de onde se aluga vestimentas, o lar dele que é apenas um nome? Quem é este que caminha sobre um raio brilhante, estrela noturna?


Refrão: Glória a ti que és o escolhido e glória a ela que sustenta a taça e glória para aquele que é o filho e o pai do amor deles. Glória a estrela, glória a cobra, e glória ao espadachim solar. E adoração e bênção através da Eternidade até o nome da Besta, quatro - quadrangular, místico, maravilhoso!


(v. II.) Quem é este que passa por entre os anfitriões, estando equilibrado na extremidade do Æthyr pelas asas de Maut? Quem é este que busca a Casa da Virgem? Refrão.


(v. III.) Este é aquele que desistiu de seu nome. Este é aquele cujo sangue foi derramado na taça de BABALON. Este é aquele que sentou um pequeno monte de pó, na cidade das Pirâmides. Refrão.


(v. IV.) Até a luz do Pai de tudo acender essa morte. Até o toque do alento deste seco pó. Até que a Íbis seja revelada ao Caranguejo e a estrela sêxtupla tornar-se o radiante Triângulo. Refrão.


(v. V.) Abençoado não sou eu, nem tu, nem ele, Santificado sem nome ou número que levou o azul noturno e cristalizou em uma pedra de safira pura, tomando o ouro do sol, e dele forjou um anel inserindo a safira para depois colocar seu dedo. Refrão.


(v. VI.) Abram bem seus portões, Ó Cidade de Deus, pois eu trago Ninguém comigo. Cravai tuas espadas e tuas lanças em saudação á Mãe e ao Bebê os meus acompanhantes. Deixai o banquete ser preparado no palácio da filha do Rei. Deixai as luzes serem acesas; Não somos nós os filhos da luz? Refrão.


(v. VII.) Para isto é a chave-pedra do palácio da filha do Rei. Essa é a Pedra dos Filósofos. Essa é a pedra oculta nas paredes dos baluartes. Paz, Paz, Paz a ele que encontra-se ali entronado . Refrão.


Agora nós transpassamos as linhas do exército e adentramos num palácio em que cada pedra é uma jóia e um conjunto de milhões de luas.


E este palácio é o corpo de uma mulher, orgulhosa, delicada e de uma formosura além da imaginação. Assemelha-se a uma menina de doze anos. Possui grandes pálpebras e longos cílios Seus olhos estão fechados... ou quase. É impossível dizer alguma coisa sobre ela. Está nua; todo corpo é coberto por pêlos dourados, chamas elétricas das lanças de poderosos e terríveis Anjos cujas placas peitorais formam a superfície de sua pele. E o cabelo esparramado até os seus pés é a luz de Deus em si. De todas as glórias presenciadas pelo vidente nos Æthyrs não existe uma sequer que possa comparar-se a menor das suas unhas. Embora não possa deixar o Æthyr sem o cerimonial adequado, estando nele é como estar em todos os outros. O Vidente está perdido em maravilhas que são paz. E a linha do horizonte sobre ela é uma companhia de gloriosos Arcanjos de mãos dadas cantando: Esta é a filha de BABALON a Bela aquela que nasceu do Pai de Tudo. E dela tudo nasceu.


Esta é a Filha do Rei. Esta é a Virgem da Eternidade. Esta é a Santa que corrompeu o Gigante do Tempo e o prêmio daqueles que subjugaram o Espaço. Esta é aquela que está sentada no Trono da Compreensão. Santa, Santa, Santa é seu nome que não deve ser pronunciado entre os homens. Eles chamam-na de Malkuth e Betulah e Persephone.


E os poetas fingem compor canções sobre ela e dela os profetas falam em vão e os jovens garotos sonham sonhos vãos; porém é ela, a imaculada, o nome dos nomes que não podem ser ditos. A imaginação não pode penetrar a glória que a cerca, pois sucumbe ante sua presença. A memória se apaga e nos mais antigos livros de Magia não existem palavras para invocá-la nem adorações para louvá-la. A vontade curva-se como um canavial na tempestade que arrasa os limites do seu reino e a imaginação não pode conceber tanto quanto uma pétala de lírio em cima da qual ela permanece no lago de cristal no mar de vidro.


Está é aquela que enfeitou o seu cabelo com sete estrelas, os sete sopros de Deus que movem e fazem tremer essa excelência. E ela penteou seu cabelo com sete pentes, onde estão escritos os sete nomes secretos de Deus, desconhecidos dos Anjos ou Arcanjos ou do Líder dos exércitos do Senhor. Santa, Santa, Santa és tu e santificado seja Teu nome eternamente para aquele cujos Æons não são nada mais do que pulsações de seu sangue. Eu estou cego e surdo. Minha visão e audição estão exauridas. Eu tenho apenas o sentido do tato. E há um tremor dentro de mim.


Imagens estão surgindo como nuvens ou véus, delicados marfins Chineses e porcelanas e muitas outras coisas de grande e delicada beleza; elas são preenchidas por Seu espírito, pois eles são extraídos dela em direção ao mundo das Qliphoth ou conchas dos mortos, que é a terra. Porque cada mundo é a concha ou excremento daquele acima. Eu não consigo suportar a visão. Uma voz vem eu não sei de onde: Santificado seja tu que viste e ainda não crê. Então é determinado a ti provar e cheirar e senti e ouvir pelo teu senso interno e pelo teu mais íntimo sentido para que o sétuplo seja teu êxtase.


(Minha mente está tão exausta que imagens cansativas aparecem por puro reflexo; elas não são elementos do astral E agora eu conquistei a fadiga pela vontade. E colocando a pedra-de-visão na minha testa, ela emite geladas excitações elétricas por toda a minha mente para refrescá-la e fazer dela capaz de suportar mais êxtase. E agora eu A vejo novamente)


E o Anjo aproxima-se e por atrás gira uma suástica negra feita de finos filamentos de luz que o cercam e levando-me para uma pequena câmara em uma das nove torres. Essa câmara é decorada com mapas de muitas cidades místicas. Existe uma mesa e um estranho lampião que fornece luz por quatro colunas de anéis formados por vórtice de fumaça luminosa. E ela aponta para um mapa dos Æthyrs dispostos como uma espada flamejante de forma que os trinta Æthyrs adentrem as dez Sephiroth. E os noves primeiros são infinitamente santos.


E ele diz, está escrito no Livro da Lei, “se tu bebes, bebes pelas oito e noventa regras da arte”. E isto significa que tu deves manter severa disciplina; até que a Visão perca-se ou corrompa-se. Pois estes mistérios não pertencem a teu grau. Então deves tu invocar o Altíssimo antes que desveles este relicário. E é dito pela regra: Mil e uma vezes tu afirmarás a unidade e mil e uma vezes tu te inclinarás. E tu realizarás três vezes o chamado do Æthyr. E todos os dias e toda as noites, desperto ou acordado, teu coração deverá se virar para a luz como uma flor-de-lótus. E teu corpo será o templo da Rosa-Cruz. Tu abrirás tua mente para o mais alto e então será capaz de conquistar a exaustão e possa encontrar as palavras...para aqueles que olharem sobre Sua face e sobreviver?


Sim, tu tremes, mas por dentro; por causa do espírito santo que desce em teu coração e o abalando como um álamo ao vento.


Eles, que estão fora, também tremem e são abalados pelos tremores de seus julgamentos. Eles postaram seus afetos na terra e estamparam com seus pés sobre a terra e disseram: ela moveu-se não.


Então a terra se abriu, com um forte movimento, e os engoliu. Sim, ela abriu seu útero para eles que a cobiçaram e ela fechou-se sobre eles. Lá eles vivem em seus tormentos, até que pelo seu chacoalhar a terra é quebrada como vidro frágil e dissolvida como sal nas águas de sua misericórdia, de modo que sejam soprados ao ar como sementes que arraigarão a terra; ainda que dirijam seus afetos ao sol.


Porém, seja tu ansioso e atento, executando pontualmente a lei. Não está escrito “Não mude o estilo de uma letra sequer”?


Parta então, pois a Visão e a Voz do nono Æthyr, que é chamado ZIP, acabou.


Então eu retornei para o meu corpo.

Bou Saada
7 de Dezembro de 1909, 9:30 as 11:10

Referências