LEA

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Este artigo é parte integrante da série A Visão e a Voz - Liber 418

Liber 418: A Visão e a Voz, é considerado por Aleister Crowley como o segundo livro em importância, perdendo apenas para Liber AL vel Legis Para obtê-lo, Aleister Crowley e seu discípulo, o poeta inglês Victor Benjamin Neuburg, viajaram as terras áridas da Argélia e ali realizaram invocações específicas valendo-se do sistema enoquiano de John Dee e Edward Kelley.


LEA é o 16º Æthyr invocado no Liber 418. Refere-se a Kether. (caminho de Pe.) A Derrocada dos Deuses-Escravos pela Besta 666.

Aethyr 16.gif

A invocação do 16º Æthyr chamado LEA

Imagens débeis e trêmulas surgem em meio a uma bruma, para depois se esvaírem. A impressão que resta é a aquela do nascer da lua à meia-noite e então aparece uma virgem coroada cavalgando um touro.


Eles sobem pela pedra. Ela está entoando a canção de louvor: Glória a ti que assumiu a imagem de labuta. Pelo seu labor o meu é realizado. E, sendo uma mulher, a luxúria sempre me une a alguma besta. E essa é a salvação do mundo, sempre iludido por vários tipos de deus e essa minha criança é o guardião do labirinto constituído de dois e setenta caminhos. Então ela se vai.


E aparecem Anjos subindo e descendo na pedra. São os Anjos da Tábua de Sete Partes. Parece que estão esperando a chegado do Anjo do Æthyr . Ele então surge em meio às trevas. É um poderoso Rei, usando a coroa e o orbe e o cetro e sua vestimenta é das cores púrpura e dourada. Então joga o orbe e o cetro no chão, assim como a sua coroa e nela pisa. Ele puxa os próprios cabelos, de cor vermelho dourado tingidos de prata e arranca sua barba e vocifera: Maldito sou, pois encontro-me subjugado, em meu palácio, pelo poder no Novo Æon. Os dez palácios estão arruinados e os dez reis escravizados e juntos lutarão como gladiadores no circo dele, que coloca suas mãos sobre os onze. Pois a antiga torre foi despedaçada pelos Senhores da Chama e da Luz. E eles que caminham sobre as suas mãos construíram o local sagrado. Benditos sejam aqueles que viram o Olho de Hoor em direção ao zênite, pois serão imersos no vigor do bode.


Tudo foi organizado, a estabilidade foi abalada. O Æon das Maravilhas chegou. Como gafanhotos eles se unem, os servos da Estrela e da Cobra e devorarão tudo sobre a terra. Por quê? Porque o Senhor da Retidão se encantou com eles. Os profetas predirão cousas monstruosas e os magos realizarão cousas monstruosas. A feiticeira será desejada por todos os homens e o encantador governará a terra.


Bentido seja o nome da Besta, pois ele liberou um poderoso fluxo de fogo de sua masculinidade e de sua feminilidade liberou uma poderosa inundação. Cada pensamento seu é uma tempestade que arranca as grandes árvores da terra e abala as montanhas. E o trono de seus espíritos é um poderoso trono de insanidade e desolação, para que olhem sobre ele e digam: Veja a abominação!


De uma única pedra de rubi o trono será construído e ficará no topo de uma grande montanha e assim os homens o contemplarão ao longe. Então reúno as minhas carruagens e cavaleiros e minhas naus de guerra. Pelo mar e pela terra os meus exércitos e minha esquadra cercar-na-ão e acamparei e sitiá-la-ei e pela chama disso tudo serei devorado. Muitos espíritos enganadores eu envio ao mundo onde o meu Æon poderá ser estabelecido e serão todos eles destruídos.


Grandiosa é a Besta que chega como um leão, o servo da Estrela e da Cobra. Ele é o Eterno; Ele é Todo-Poderoso. Abençoados sejam aqueles que fitar com firmeza, pois nada ficará ante tua face. Malditos daqueles que fitar com desdém, pois nada ficará ante tua face.


E cada mistério que não foi revelado da fundação do mundo ele o fará aos seus escolhidos. E eles terão poder sobre cada espírito do éter; e da terra e sob a terra; na terra árida e na água; do rodopiante ar a do impetuoso fogo. E terão poder sobre os habitantes da terra e cada castigo de Deus reduzido sobre os seus pés. Os anjos virão e caminharão juntos e os grandes deuses dos céus serão seus convidados.


Mas eu devo sentar à parte com pó sobre minha cabeça, sem a coroa e desolada. Devo espreitar os cantos proibidos da terra. Devo demarcar secretamente as rotas alternativas das grandes cidades, em bruma e pântanos de rios de pestilência. E toda a minha astúcia de nada me servirá. E toda a minha incumbência será reduzida a nada. E todos os ministros da Besta me pegarão e rasgarão a minha língua com torqueses em brasa e marcarão a minha fronte com a palavra de escárnio e eles rasparão a minha cabeça e arrancarão a minha barba e farão um evento de mim.


E o espírito da profecia virá sobre mim, sem demora, como sempre e sobre meu coração e minha garganta; e sobre minha língua queimada com ácido estão as palavras: “Vim patior”. Pois devo dar glória a ele que suplantou-me e lançou-me na poeira. Eu o odeio e com o ódio os meus ossos serão apodrecidos. Com ele pelejarei e minha saliva escorrerá por toda a minha barba. Erguerei minha espada contra e cairei ante ele e minhas víceras se espalharão sobre os meus pés.


Quem irá enfrentar o seu poder? Não possui ele a espada e a lança do Guerreiro Senhor do Sol? Quem o enfrentará? Quem irá se erguer contra ele? Pois o cordão de sua sandália é mais do que o elmo do Altíssimo. Quem o alcançará com súplicas salvo aqueles que sentam em seus ombros? Gostaria Deus que minha língua estivesse rasgada pela raiz e minha garganta cortada e meu coração arrancado e dado aos abutres, antes eu digo o que devo dizer: Abençoado e Venerado seja o Profeta da Encantadora Estrela.


E ele cai no chão, em cima de um monte e pó sobre sua cabeça; e o trono no qual ele senta é quebrado em vários pedaços. E ofuscada é a aurora nessa inefável escuridão, muito, muito acima está a face que é a face de um homem e de uma mulher e na fronte está um círculo e no peito um círculo e na palma da mão direita um círculo. Gigantesca é sua estatura e usa a coroa de Uraeus e a pele do leopardo e o flamejante avental laranja de um deus. E sobre ele está Nuit, invisível e no seu coração Hadit e entre seus pés o grande deus Ra-Hoor-Kuit. Na mão direita segura um espada flamejante e na esquerda um livro. Ainda assim predomina o silêncio e aquilo que ficou entendido, entre nós, não será revelado nesse lugar. E o mistério será revelado àqueles que dirão, com êxtase de adoração, com uma mente esclarecida e um corpo apaixonado: esta é a voz de um deus, não a de um homem. E toda glória se foi; e o velho Rei jaz desprezado.


E a virgem que cavalga o touro retorna, trazida pelos Anjos da Tábua de Sete Partes que dançam ao seu redor usando grinaldas e buquês, mantos esvoaçantes e cabelos soltos ao vento. E ela sorri para mim com brilho infinito e todo Æthyr se aquece e ela diz em um tom sutil apontando para baixo: Por isto, aquilo.


Então a peguei pelas mãos e a beijei e disse: não estou próximo de ser purgado da injustiça de meus antepassados?


Assim ela se inclina, me beija a boca e fala: “Ainda que imaturo, no teu braço esquerdo, carregas um varão e dá a ele de beber do leite de teus peitos. No entanto dançarei.”


Eu aceno com a mão e o Æthyr se esvazia e enegrece e me inclino ante o sinal que apenas eu posso fazer. E desço através das ondas de negrume, equilibrando-me numa águia, descendo, descendo. E faço o sinal que apenas eu posso fazer.


E agora não fica nada na pedra além da cruz negra de Themis e as seguintes palavras: Memento Sequor (provavelmente significa que o Equinócio de Hórus será seguido pelo de Themis).



Bou Saada
2º de Dezembro de 1909. 16:50 - 18:50

Referências