A 'Alma Egípcia se refere ao conceito de alma da mitologia egípcia, onde é formada por cinco partes: Ka, Ba, Akh, Sheut e Ren. Durante a vida, achava-se que a alma, incluindo a dos animais e dos deuses, habitava um corpo (chamado de Ha (ḥˁ), que significa carne.

Egípcios entendiam Akh, Ba e Ka como aspectos imortais da alma. Ainda, mesmo que soe paradoxal, que esses conceito só poderiam sobreviver se o corpo do indivíduo fosse apropriadamente conservado. O Ba, por exemplo, não poderia retornar ao corpo se este estivesse podre e irreconhecível e conseqüentemente estaria condenado a perambular eternamente. Por isso a mumificação de cadáveres.

Ren (nome)

O nome da pessoa que lhe foi dado em seu nascimento e viveria enquanto fosse pronunciado, o que explica os esforços para protegê-lo, colocando-o em vários escritos. Por exemplo, parte do Greco-Romano Book of Breathings, um descendente do Livro dos Mortos, era para assegurar a sobrevivência do nome. Um cartucho(corda mágica) era freqüentemente utilizada para cercar o nome e protegê-lo pela eternidade. Reciprocamente, o nome dos inimigos do estado mortos, como Akenaton eram meticulosamente retirados dos monumentos.

Sheut (sombra)

A sombra da pessoa (šwt in Egyptian) estava sempre presente. Uma pessoa não poderia existir sem sua sombra, nem a sobra sem a pessoa. A sombra era representada como uma pequena figura humana pintada inteiramente de preto.

Ka (presença corporal/força vital)

O Ka (k3) era o conceito de "força vital", a diferença entre uma pessoa viva e um morto, a morte ocorria quando o "Ka" deixava o corpo. Entendia-se que o KA era criado por Chnum numa roda de oleiro, ou passada para a criança através do sêmen de seu pai.

Os egípcios também acreditavam que o "Ka" era mantido através de alimentos e bebidas. Por esta razão eram ofertadas comida e bebida aos mortos, contudo era o kau (k3w) dentro dos alimentos (também conhecido como kau) que era consumido e não seu aspecto físico. O ka era freqüentemente representada na iconografia egípcia como uma segunda imagem do indivíduo, os trabalhos pioneiros tentaram traduzir ka como duplo.

Julian Jaynes em seu trabalho teórico "The Origin of Consciousness in the Breakdown of the Bicameral Mind" sugestiona que o "ka" originalmente era uma voz divina alucinada similar a aquela experimentadas na esquizofrenia. De acordo com sua teoria, a maior parte das pessoas não estava inteiramente consciente no início do período antigo, e por isso sua teoria é considerada como "conversa fiada" pela vertente principal.

Ba (alma/personalidade)

O Ba (b3) é em algumas considerações o mais próximo do conceito Ocidental de alma, mas também é tudo que faz um indivíduo único, similar a noção de personalidade(neste sentido´objetos inanimados também poderiam ter Ba, caracteres únicos, e, de fato, as pirâmides do antigo reino eram freqüentemente chamadas do Ba de seu possuidor). Como a alma, o ba é a parte da pessoa que vive após a morte e as vezes é representada como um pássaro com cabeça humana voando para fora da tumba para se unir ao ka na pós-vida.

Como os humanos, divindades também poderiam ter bas, mas no caso dos seres divinos, isto era mormente associado com sua impressão, poder e reputação. Quando um deus intervinha nos assuntos humanos era dito que o bau (plural de ba) estava trabalhando [Borghouts, 1982]. Assim considerado o soberano era encarado como um ba do deus, ou um deus era acreditado como sendo o ba de outro.

Akh

O Akh (significando iluminador), foi um conceito que variou ao longo da história da crença egípcia. Era, ao início, unificação entre Ka e Ba, que se uniam após a morte do corpo físico. Neste sendo era uma espécie de Fantasma. O Akh era então parte do Akh-Akh, a panóplia de Aks de outras pessoas, deuses e animais. Nesse sistema era o aspecto da pessoa que iria unir-se aos deuses no outro mundo sendo imortal e imutável.

Em crenças de períodos mais avançados, considerou-se que o Ka se fundisse ao Akh e o Ba após a morte, em vez de se unir com o Ba para se tornar o Akh. Nesse estágop acreditava-se que o Akh passa algum tempo habitando o outro mundo antes de retornar e ser reencarnado como Ka, ganhando um novo Ba.

A separação do Akh/ unificação do KA e do Ba era criada depois da morte, pela entrega de oferendas apropriadas e conhecimento do feitiço eficaz, mas sempre haveria o risco de morrer novamente. A literatura funerária egípcia (como o Coffin Texts e o Livro dos Mortos) tinha a intenção de auxiliar o morto a "não morrer pela segunda vez" e se tornar um Akh.

Alternativo: Khu

Referências

  • Allen, James Paul. 2001. "Ba". In The Oxford Encyclopedia of Ancient Egypt, edited by Donald Bruce Redford. Vol. 1 of 3 vols. Oxford, New York, and Cairo: Oxford University Press and The American University in Cairo Press. 161–162.
  • Borghouts, Joris Frans. 1982. "Divine Intervention in Ancient Egypt and Its Manifestation (b3w)". In Gleanings from Deir el-Medîna, edited by Robert Johannes Demarée and Jacobus Johannes Janssen. Egyptologische Uitgaven 1. Leiden: Nederlands Instituut voor het Nabije Oosten. 1–70.
  • Friedman, Florence Margaret Dunn. 1981. On the Meaning of Akh (3ḫ) in Egyptian Mortuary Texts. Doctoral dissertation; Waltham: Brandeis University, Department of Classical and Oriental Studies.
  • ———. 2001. "Akh". In The Oxford Encyclopedia of Ancient Egypt, edited by Donald Bruce Redford. Vol. 1 of 3 vols. Oxford, New York, and Cairo: Oxford University Press and The American University in Cairo Press. 47–48.
  • James, Julian. 1976. The Origin of Conciousness in the Breakdown of the Bicameral Mind, Princeton University.
  • Žabkar, Louis Vico. 1968. A Study of the Ba Concept in Ancient Egyptian Texts. Studies in Ancient Oriental Civilization 34. Chicago: University of Chicago Press