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Este artigo é parte integrante da série A Visão e a Voz - Liber 418

Liber 418: A Visão e a Voz, é considerado por Aleister Crowley como o segundo livro em importância, perdendo apenas para Liber AL vel Legis Para obtê-lo, Aleister Crowley e seu discípulo, o poeta inglês Victor Benjamin Neuburg, viajaram as terras áridas da Argélia e ali realizaram invocações específicas valendo-se do sistema enoquiano de John Dee e Edward Kelley.


ZAA é o 27º Æthyr invocado no Liber 418. Refere-se à visão da Iniciação de Hécate (Atu XIV) - A Redenção da feiticeira por Amor.

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A invocação do 27º Æthyr chamado ZAA

Há um anjo com asas de arco-íris sua vestimenta é verde e prata e há um véu verde sobre a armadura prateada. Chamas multicoloridas emanam dele em todas as direções. É uma mulher, cerca de trinta anos de idade, tem a lua como elmo e também gravada em seu coração e suas sandálias são curvadas e prateadas como a própria lua.


E ela diz: Solitária eu sou e fria na solidão das estrelas. Pois eu sou a rainha de todos aqueles que habitam os Céus e de todos aqueles que são puros sobre a terra e também sou a rainha dos feiticeiros do inferno.


Eu sou a filha de Nuit, a dama das estrelas. Eu sou a Esposa daqueles que juraram solidão. E eu sou a mãe do Cão Cerberus (75). Uma pessoa eu sou e três deuses.


E tu que blasfemaste contra mim, sofrerás ao me conhecer. Pois eu sou fria como tua fria arte e queimo com teu fogo. Ó, quando a guerra dos Ares e elementos será consumada?


Radiantes são as cimitarras de meus irmãos, invisíveis para mim, porém, o poder dos æthyrs abaixo de meus pés faz-me tombar. E eles não aproveitam para servir o Kamailow. Existe um em uma verde armadura, de olhos igualmente verdes, cuja espada é de fogo vegetal. Eles usar-me-ão. Meu filho é ele - e como o suportarei, que não conheceu o homem?


Em todo esse intolerável período, raios são atirados a fim de me rechaçar ou destruir; porém, eu estou envolto em um ovo de azul violeta, e minha aparência é de um homem com a cabeça de um falcão dourado. Enquanto eu estou observando isso, a deusa mantém um contínuo gemido, como o uivo de sabujos; e agora a sua voz é profunda, gutural e rouca. Ela pronuncia as palavras tão rapidamente que não posso escutá-las. Eu consigo ouvir algumas agora.


UNTU LA LA ULULA UMUNA TOFA LAMA LE LI NA AHR IMA TAHARA ELULA ETFOMA UNUNA ARPETI ULU ULU ULU MARABAN ULULU MAHATA ULU ULU LAMASTANA


Então, sua voz eleva-se em um estridente grito, tendo um borbulhante caldeirão a sua frente. O fogo sobre ele assemelha-se a chamas de zinco e dentro está uma Rosa, a Rosa de 49 pétalas efervescendo. Sobre o caldeirão ela curvou suas asas de arco-íris; seu rosto se inclina em direção ao caldeirão, soprando anéis opalescentes e prateados na Rosa; e cada anel que toca a água, dissolve-se em chamas ao mesmo tempo em que a Rosa assume novas cores.


Agora ela ergue sua cabeça, elevando as mãos aos céus e clama: Ó Mãe, tu nunca terás compaixão pelos filhos da terra? Não foi suficiente a Rosa tornar-se vermelha do sangue de vosso coração e que suas pétalas fossem 7 e por 7?


Ela está chorando, chorando. E as lágrimas crescem e enchem toda a pedra com luas. Eu não posso ver ou ouvir nada por causa das lágrimas, ainda assim ela se mantém em oração. “ Pegue essas pérolas, guarde-as em teu coração. Não é amaldiçoado o Reino do Abismo?”. Ela aponta para o caldeirão logo abaixo; nele está a cabeça de um cruel dragão), negro e corrompido. Eu observo, observo; e nada acontece.


Então o dragão ergue-se do caldeirão, ele é longo e fino (como Dragões Japoneses, só que infinitamente mais terrível) riscando toda a esfera de pedra.


Então, subitamente, tudo desaparece, não restando nada na pedra, a não ser brilhantes luzes brancas e manchas semelhantes a fogo dourado; há um badalar, como se sinos estivessem sendo tocados por bigornas. Há um perfume que não consigo descrever; é como se nada pudesse ser descrito, porém o sinal parece azêbre. E agora, todas essas coisas são uma, no mesmo tempo e lugar.


Agora um véu prateado e oliva cai sobre a pedra, só posso ouvir a voz do anjo sumindo, muito meiga, tênue e pesarosa dizendo: Longe e solitária na pedra secreta está o desconhecido e interpenetrados estão o conhecimento a vontade e a compreensão. Eu estou só. Eu estou perdida, porque eu sou tudo e em tudo; e meu véu é tecido da terra verde e a teia de estrelas. Eu amo; e sou renegada porque eu me neguei. Dai-me essas mãos, ponha-as no meu coração. Ele não está frio? Afundai, afundai, o abismo do temo restante. Não é possível que um devesse chegar a ZAA. Dê-me tua face. Deixai-me beijá-la com meus gelados beijos. Ah! Ah! Ah! Afaste-se de mim. A palavra, a palavra do Æon é MAKHASHANAH. E essas palavras tu pronunciarás ao contrário: ARARNAY OBOLO MAHARNA TUTULU NOM LAHARA EN NEDIEZO LO SAD FONUSA SOBANA ARANA BINUF LA LA LA ARPAZNA UOHULU. Quando tu chamarás meu ônus, pois eu que sou a deusa Virgem sou a deusa grávida e eu lancei o meu fardo até os limites do universo. Eles que blasfemam são ébrios e meu véu manter-se-á caído sobre mim até o final dos tempos.


Agora aparecem milhares e milhares de poderosos guerreiros resplandecendo através do Æthyrs, tão velozmente que pode-se apenas distinguir suas espadas, que são como plumas azul-cinzentas. E o barulho é confuso, milhares de brados de batalha se juntam em um rugido, como o de um monstruoso rio em dilúvio. E a pedra torna-se sombria em um cinza entorpecido. A vida se foi.


Não existe nada mais para ser visto.


Sidi Aissa, Argélia.
24 de Novembro de 1909, 20:00-21:00

Referências