Iluminismo

Revisão de 06h51min de 17 de setembro de 2007 por Dyulax (discussão | contribs) (→‎{{Veja também}})
(dif) ← Edição anterior | Revisão atual (dif) | Versão posterior → (dif)

O Iluminismo ou esclarecimento (em alemão Aufklärung, em inglês enlightenment), foi um movimento e uma revolta ao mesmo tempo intelectual surgido na segunda metade do século XVIII (o chamado "século das luzes") que enfatizava a razão e a ciência como formas de explicar o universo. Foi um dos movimentos impulsionadores do capitalismo e da sociedade moderna. Foi um movimento que obteve grande dinâmica nos países protestantes e lenta porém gradual influência nos países católicos.

O Iluminismo desenvolveu-se na Alemanha, França e Reino Unido. Tinha uma grande influência na Áustria, Itália, Polônia, Países Baixos, Rússia, nos países da Escandinávia e na América.

Fig.3: Frontispício da Encyclopédie. (1772) Foi desenhado por Charles-Nicolas Cochin e ornamentado (engraved) por Bonaventure-Louis Prévost. Esta obra está carregada de simbolismo: A figura do centro representa a verdade – rodeada por luz intensa (o símbolo central do iluminismo). Duas outras figuras à direita, a razão e a filosofia, estão a retirar o manto sobre a verdade.

O nome se explica porque os filósofos da época acreditavam estar iluminando as mentes das pessoas. É, de certo modo, um pensamento herdeiro da tradição do Renascimento e do Humanismo por defender a valorização do Homem e da Razão. Os iluministas acreditavam que a Razão seria a explicação para todas as coisas no universo, e se contrapunham à fé.

Immanuel Kant, ele próprio um expoente da filosofia desta época, definiu o Iluminismo assim: "O Iluminismo é a saída do ser humano do estado de não-emancipação em que ele próprio se colocou. Não-emancipação é a incapacidade de fazer uso de sua razão sem recorrer a outros. Tem-se culpa própria na não-emancipação quando ela não advém de falta da razão, mas da falta de decisão e coragem de usar a razão sem as instruções de outrem. Sapere aude! (ouse saber!)"

Segundo os iluministas, cada pessoa deveria pensar por si própria, e não deixar-se levar por outras ideologias que, apesar de não concordarem, eram forçadas a seguir. Pregavam uma sociedade “livre”, com possibilidades de transição de classes e mais oportunidades iguais para todos. Economicamente, achavam que era da terra e da natureza que deveriam ser extraídas as riquezas dos países. Segundo Adam Smith, cada indivíduo deveria procurar lucro próprio sem escrúpulos, o que, em sua visão, geraria um bem-estar-geral na civilização.

O Iluminismo foi um movimento influente nas zonas onde a influência católica foi menos intensa. É no Reino Unido que figuras como John Locke, David Hume, Edward Gibbon ou Adam Smith dispõem da liberdade de expressão que lhes permite desenvolver o seu pensamento sem o controle que a igreja católica exercia nas sociedades espanhola ou portuguesa dessa época. Algumas das maiores figuras do iluminismo contavam-se entre os autores de livros proibidos pelo Index católico, como David Hume, John Locke ou Immanuel Kant (ver:Index Librorum Prohibitorum). A influência da religião católica na Inglaterra fora definitivamente afastada do poder em 1688, com a Revolução Gloriosa. Desde então nenhum católico voltaria a subir ao trono, embora a Igreja da Inglaterra tenha permanecido bastante próxima do Catolicismo em termos doutrinários e de organização interna.

Na França, país de tradição católica mas onde as correntes protestantes, nomeadamente os huguenotes, também desempenharam um papel dinamizador, há uma tensão crescente entre as estructuras políticas conservadoras e os pensadores iluministas. Rousseau, por exemplo, originário de uma família huguenote e um contribuidor para a Encyclopédie, foi perseguido e obrigado a exilar-se na Inglaterra. Este conflito entre uma sociedade feudal e católica, e as novas forças de pendor protestante e mercantil, acabara por culminar na Revolução Francesa. Madame de Staël e o seu salão literário onde avultam grandes nomes da vida cultural e política francesa são uma outra grande referência.

David Hume, uma das figuras mais carismáticas do Iluminismo

Nas colônias americanas, o iluminismo está intrinsecamente ligado à independência americana. Americanos que incorporaram o espírito desta época foram entre outros Thomas Jefferson e Benjamin Franklin.

Na Alemanha, (então Prússia), possivelmente a figura mais representativa do iluminismo é Immanuel Kant. Mas também Moses Mendelssohn e Gotthold Ephraim Lessing são nomes de destaque.

Em Portugal, uma figura marcante desta época foi o Marquês de Pombal. Tendo sido embaixador em Londres durante 7 anos (1738-1745), o primeiro-ministro de Portugal ali tevira recolhido as referências que marcaram a sua orientação como primeiro responsável político em Portugal. O Marquês de Pombal fora um marco na história portuguesa, contrariando o legado histórico feudal e tentando por todos os meios aproximar Portugal do modelo da sociedade inglesa. Entretanto, Portugal mostrara-se por vezes hostil à influência daqueles que em Portugal se chamou pejorativamente de estrangeirados, fato pretensamente relacionado à influência Católica. Também, ao longo do século XVIII, o ambiente cultural português permanecera pouco dinâmico, fato nada surpreendente num país onde mais de 80% da população era analfabeta.